29 de Outubro, Dia Nacional do Livro

A importância da leitura e a necessidade de valorização dos Sebos, espaços de resistência para leitura impressa num mundo totalmente digitalizado

Da redação

A paixão pela leitura começa na infância pelos gibis e atravessa o tempo com o hábito de ter sempre a companhia de um bom livro. Imagem Sebo nas Canelas/Divulgação

Já foi dito que os livros não mudam o mundo. Em verdade, os livros mudam as pessoas. E, após impactadas e transformadas pelo conhecimento que adquirem nas páginas de leitura, então são as pessoas que mudam o mundo.

Os livros são tão fundamentais em nossas vidas que para nós, brasileiros, são necessárias duas datas para comemorar e exaltar esse precioso objeto que desde a primeira infância nos envolve em sonhos, fantasias e descobertas. No primeiro semestre, precisamente em 23 de abril, nos juntamos à comunidade internacional e comemoramos o “Dia Mundial do Livro”. Data escolhida para homenagear três grandes escritores da literatura de todos os tempos que morreram neste dia. O famoso dramaturgo inglês William Shakespeare, o espanhol Miguel de Cervantes e o peruano Inca Garcilaso de La Vega. Há ainda os dias, Nacional e Internacional, do “Livro Didático” em 27 de fevereiro, e do “Livro Infantil” em 18 de abril.

Já o “Dia Nacional do Livro”, comemorado anualmente neste 29 de outubro, acontece em homenagem à histórica e belíssima Biblioteca Nacional do Brasil, localizada na Avenida Rio Branco, no Centro do Rio de Janeiro. Fundada ainda durante o período colonial, em 1810, foi a primeira biblioteca brasileira e conta-se que o seu vasto e precioso acervo chegou ao país alguns anos antes da inauguração.

A Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, é a maior e mais antiga da América Latina. Foi fundada em 1810. Foto/Divulgação

Além de livros, a Biblioteca Nacional conta com mapas, papiros, medalhas e outros incontáveis objetos raros. É a maior da América Latina, sendo considerada pela UNESCO como uma das mais antigas e maiores do mundo. As visitas guiadas são gratuitas e é possível ter acesso a salas exclusivas durante o passeio. Também podem ser agendadas visitas para grupos específicos, permitindo um roteiro dirigido para cada público, em função de seu perfil e interesses. O agendamento de visitas especiais pode ser feito pelo número (21) 2220-9484 ou pelo e-mail visiguia@bn.gov.br

O Sebo Rebuliço é o mais antigo espaço literário do Vale do São Francisco, onde há encontros de artistas e amantes dos livros. Foto/Arquivo

Os Sebos: espaços pulsantes e de resistência em prol dos livros e de sua socialização

Com o fim do ciclo das grandes livrarias no Brasil, as chamadas mega stores, além das pequenas e também das bancas de jornais, um advento acelerado principalmente após a democratização e popularização do acesso às mídias digitais, os ciberespaços com suas infinitas possibilidades de informação e pesquisa, os sebos ganharam ainda mais relevância enquanto ofertadores de livros dos mais variados segmentos e mais ainda enquanto espaços de construção de uma memória escrita de autores regionais, de socialização dos amantes da literatura e das artes em geral.  

Em Petrolina e Juazeiro, numa margem e outra do Velho Chico, o público leitor pode comemorar a manutenção – com muita luta de seus apaixonados empreendedores (semeadores de livros) – de dois sebos que contam com satisfatório acervo, incluindo revistas, gibis, mangás, discos e diversos itens voltados aos apreciadores da leitura e das demais vertentes artísticas.

Sebo Rebuliço, há 30 anos acolhendo os amantes dos livros de todas as idades. Foto/Arquivo

O mais antigo conta com 30 anos de (ininterrupta e instigante) atividade. Fundado pelo poeta e cativante prosador Maurício Ferreira, o Sebo Rebuliço é  luminescente e acolhedor espaço que já proporcionou – e continua a proporcionar – encontros de artistas e ávidos leitores para a compra de um livro raro, um clássico da literatura universal, um best seller, um didático para ajudar nos estudos ou no concurso, religiosos e de auto ajuda, ou apenas para uma boa conversa entre uma tarefa e outra do dia a dia.

 O Rebuliço começou nos primeiros anos de 1990 com bancas na Praça Dom Malan. Em seguida, passou para um prédio na esquina da Guararapes com a Souza Filho. Anos mais tarde, funcionou dentro de um trailer e teve o seu momento efusivo/festivo no Beco da Cultura, servindo de guarida para saraus e diversos lançamentos de livros de autores locais, incluindo duas coletâneas com selo editorial próprio: “Poetas em Rebuliço” e “Prosadores em Rebuliço”, em parceria com a União Brasileira de Escritores – Seccional Petrolina. Atualmente o Sebo Rebuliço está localizado à Rua Pacífico da Luz, 244, no Centro de Petrolina.

O Rebuliço anda foi responsável pela gestação de um novo sebo, mais voltado aos didáticos e religiosos, aberto pelo  ex colaborador “Carlinhos do Canaã”, funcionando na esquina do mesmo quarteirão e que hoje também conta com frequentadores assíduos.

Os amantes dos livros juazeirenses também podem se orgulhar pelo Sebo Nas Canelas, uma grata iniciativa de duas jovens empreendedoras que levaram para o Beco do Museu, próximo à Praça da Bandeira no Centro de Juazeiro, um espaço vivo e plural, com excelentes ofertas de algumas das mais famosas obras literárias de todos os tempos, sucessos editoriais contemporâneos e uma diversidade de gibis e mangás, além de LPs e outros souvenirs para colecionadores.

Toda a simpatia da jovem livreira-sebista do Nas Canelas, que oferta livros, gibis e mangás no Beco do Museu, no Centro de Juazeiro. Foto/Divulgação


Antes do “Nas Canelas”, Juazeiro contou com outros sebos que funcionaram por diferentes períodos. Dos que se tem registros mais próximos, tivemos o Berro D’água, oriundo de um jornal homônimo que circulava pela cidade nos anos de 1980, capitaneado pelo artista plástico Parlim (já falecido) e sua turma. No início da década de 1990 surgiu o Sebo Pegásus, idealizado pelo poeta e então estudante Luiz Hélio, o sebo era instalado no prédio comercial da Diocese, atrás da Catedral, em sala emprestada pelo Centro de Estudos e Pesquisas Trabalhistas/CEPET. O nome foi escolhido pelo poeta juazeirense Expedito Almeida Filho, numa evidente alusão ao cavalo alado, figura mitológica da Grécia antiga. Por último, nos anos 2000, foi a vez do Sebo do Professor Nonato, na Rua Floriano Peixoto, próximo à Praça do Índio.

Os dois sebos existentes (e resistentes), o “Rebuliço” e  o “Nas Canelas”, além de serem deliciosamente convidativos para uma visita presencial de segunda a sexta das 08h às 18h, e aos sábados das 09h às 13h, contam também com serviço de delivery através de pedidos pelos seus respectivos canais.  Siga @sebo.rebulico e @sebo_nascanelas e boa viagem literária!

Reportagem e texto: Luiz Hélio

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