Setor de serviços volta a recuar em setembro e fica abaixo do esperado

Volume de serviços recuou 0,3% em setembro deste ano, na comparação com agosto, segundo o IBGE. Na comparação anual, queda foi de 1,2%

O volume de serviços no Brasil recuou 0,3% em setembro deste ano, na comparação com agosto, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (14/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Já na comparação anual, em relação a setembro do ano passado, os serviços recuaram 1,2%, interrompendo uma sequência de 30 taxas positivas consecutivas nessa base de comparação.

Com o resultado de setembro, o setor está 10,8% acima do nível registrado em fevereiro de 2020, antes da pandemia de Covid-19, e 2,6% abaixo de dezembro de 2022 (o ponto mais alto da série histórica).

No acumulado do ano, a alta dos serviços é de 3,4% em relação ao mesmo período de 2022. Nos últimos 12 meses até setembro, a variação é de 4,4%.

O resultado mensal veio pior do que as estimativas do mercado – a maioria dos analistas esperava uma alta de 0,3%. Na comparação anual, a expectativa era crescimento de 0,5%.

Em agosto, o volume de serviços no país caiu 0,9% na comparação mensal e avançou 0,9% na base anual.

O setor de serviços registrou queda em três das cinco atividades pesquisadas em setembro, com destaque para serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%) e informação e comunicação (-0,7%).

Em direção contrária, os serviços prestados às famílias (+3%) e os outros serviços (+0,8%) foram os responsáveis pelas únicas altas do mês.

De acordo com o levantamento do IBGE, houve queda no volume de serviços em 17 das 27 unidades da Federação, na comparação com o mês anterior.

Os recuos mais importantes foram de de São Paulo (-1,2%), Goiás (-4,5%), Rio Grande do Sul (-1,6%) e Distrito Federal (-2,6%).

Entre os resultados positivos do mês, destaque para Rio de Janeiro (+1,9%), Ceará (+1,9%) e Pernambuco (+1%) .

Turismo em alta

Segundo o IBGE, o índice de atividades turísticas registrou variação positiva de 1,5% em setembro, na comparação com agosto. Com isso, o segmento se encontra 4,5% acima do patamar de fevereiro de 2020 (antes do início da pandemia de Covid-19) e 2,9% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014.

O IBGE mostra ainda que cinco dos 12 locais pesquisados acompanharam esse movimento de crescimento. As influências positivas mais relevantes foram de Rio de Janeiro (+9,7%), Minas Gerais (+2,1%) e Santa Catarina (+6,2%).

As maiores baixas foram de Ceará (-1,7%), Rio Grande do Sul (-0,6%) e Distrito Federal (-0,7%).

Para Maykon Douglas, economista da Highpar, a “fotografia” do setor de serviços, ao fim do terceiro trimestre, é “pior do que a do trimestre anterior”.

“Embora venha de bases de comparação historicamente altas, o setor começa a sentir mais os efeitos dos juros contracionistas e corrobora o cenário de atividade mais fraca nesta terceira parte do ano. O movimento é esperado, mas a um valor pior que as projeções”, afirma Maykon.

Segundo Claudia Moreno, economista do C6 Bank, “a surpresa positiva do mês veio dos serviços prestados às famílias, que cresceram 3%”. “Esse avanço, entretanto, não recupera a contração de 3,7% registrada no mês anterior”, diz.

“Esse componente, que tem um peso relevante no cálculo do PIB, continua quase 3% abaixo do patamar pré-pandemia”, explica a economista.

“Os últimos resultados da produção industrial, do varejo e dos serviços corroboram nossa visão de que veremos uma desaceleração da atividade econômica no segundo semestre. Nossa previsão é que teremos uma contração de 0,1% no PIB do terceiro trimestre. Para 2023 e 2024, nossa projeção para o crescimento do PIB é de 3% e 1,5%, respectivamente, ambas com viés de baixa”, completa Claudia Moreno.

Igor Cadilhac, economista do PicPay, afirma que o resultado dos serviços é uma “surpresa negativa em um setor importante da atividade econômica, o de maior peso, e cuja dinâmica tende a ser mais inercial”. “Por ora, no nosso cenário-base, ainda vemos um desempenho positivo no último trimestre do ano, mas que deve flertar com variações do PIB próximas à estabilidade”, diz.

“Com todos os setores da atividade econômica (serviços, varejo ampliado e indústria) apresentando variações modestas na margem, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) deve apresentar um avanço de 0,2% em setembro”, projeta Cadilhac.

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