Masculino, branco e heterossexual: o perfil das pessoas fundadoras de startups no Brasil, segundo a Abstartups

O Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups 2023 teve participação de 2.593 empresas de base tecnológica, de 326 cidades brasileiras

A Associação Brasileira de Startups (Abstartups) divulgou nesta quinta-feira (23/11) o Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups, estudo realizado em parceria com a Deloitte para compreender o cenário nacional de empresas de base tecnológica e orientar os atores do ecossistema.

O relatório indica que o ecossistema segue sendo masculino, branco e heterossexual. Os números mostram que 79,8% das pessoas fundadoras de startups são homens cisgêneros, 70,7% são brancas e 95,1% se declaram heterossexuais.

Neste ano, a partir do relatório foi criada uma base de startups, que poderá ser acessada por investidores, jornalistas, empresas e empreendedores, com atualização de dados em tempo real.

O levantamento mapeou 2.593 startups ativas. A grande maioria (55,8%) está localizada no Sudeste, com concentração no Estado de São Paulo (38,4%). Em seguida, aparecem as regiões Sul (22,1%), Nordeste (12,3%), Centro-Oeste (5,1%) e Norte (4,7%).

No ano anterior, o estudo mostrou que 20% das pessoas fundadoras eram mulheres, com uma amostra de 1.753 startups. Em 2023, com 2.593 empresas mapeadas, a porcentagem caiu ligeiramente, para 19,7%. De acordo com Mayara David, isso se deu por conta de uma mudança no questionário preenchido pelas pessoas fundadoras. “Quando havia mais de um fundador, perguntávamos se a maioria era mulher ou homem e agora não temos mais esses dados. Tivemos uma pequena queda que pode se justificar por conta disso”, apontou a analista de dados da Abstartups Mayara David.

Neste ano, o levantamento incluiu pela primeira vez uma pergunta sobre filhos, trazendo o dado de que as startups empregam, em média, três mães.

Na frente racial, houve crescimento no mapeamento de pessoas fundadoras pretas. Em 2023, 6,2% se declararam desta forma, ante 5,6% no ano anterior. Também foi registrado um tímido aumento na porcentagem de pessoas que se autodeclaram pardas: de 17,1% para 17,7%.

Apesar de mais da metade (59,4%) afirmar que considera o apoio à diversidade muito importante, 59,8% declararam que não realizam nenhuma ação ou processo seletivo voltado para a temática.

Edtech, fintech, healthtech, “tech” (desenvolvimento de software) e retailtech são os segmentos de destaque, reunindo 42,4% das startups mapeadas pelo relatório. Destes, as startups de educação representam a maioria das empresas mapeadas, com 10,3%.

53,2% das startups que participaram do estudo trabalham para outras empresas (B2B) e 29,8% para outras empresas que se conectam com clientes (B2B2C). A grande maioria (40,3%) opera no formato SaaS.

As fases de tração, operação e validação reúnem a maior parte das startups mapeadas, 76,1% no total. Mais da metade das participantes (52,1%) já pivotaram o negócio alguma vez ao longo da trajetória.

Os números mostram que grande parte das startups do mapeamento (35,8%) são recentes, fundadas a partir de 2020, enquanto 25,6% foram criadas há mais de cinco anos.

Outro ponto destacado no estudo é a internacionalização. Mais da metade (61,2%) afirmou que ainda não opera fora do Brasil, mas pensa em internacionalizar o negócio em breve. Para 25,3% dos fundadores, porém, essa não é uma opção considerada. Apenas 10,8% declararam já ter internacionalizado o negócio.

Entre as startups participantes do mapeamento, 62,5% nunca receberam investimento, enquanto 37,5% já captaram. A média dos cheques é de R$ 1,2 milhão. No momento, 44,8% declararam estar em processo de captação, com rodada aberta. A maioria (43,1%) recebeu aporte de investidores-anjo, seguido por programa de aceleração (15,2%) e Corporate Venture Capital (7,7%).

FONTE: Revista PEGN

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